Sonho

Procuro um lugar para morar

Que seja tranquilo e perto do mar

Onde o vento sopre com sutileza

E a paisagem seja de pura beleza

Uma casa com varanda e uma rede

Um jardim florido e grama verde

Ter tempo para procrastinar

Sem tempo de me preocupar

Viver na paz e com meu amor

Vendo o sol no infinito se pôr

Quero te ver

Em meus sonhos

Pois acordada

Está difícil 

De te encontrar

Ciclo da Vida

Sinto a tristeza do teu olhar

Ao perceber a finitude do infinito

Do teu herói estar partindo

E a impotência perante a vida

Mas é agora que tua luz vai brilhar

Protegendo quem amas por instinto

Demonstrando afeto e sorrindo

Apesar da tua estrutura tenha sido demovida

E de volta à caverna da aranha

Recolha as memórias antigas

Faça lugar para as novas

Pois existe ainda, muita história a ser inventada

Aproveite o brilho da vida

Para quando a cortina se fechar

Somente o aplauso de pé restará

E um sorriso de missão cumprida no olhar

Antes do Café

Melancolia bate à porta

Finjo não estar

Ela insiste

A angústia chega 

Bate mais forte

Tento me esconder, 

Não respiro

Aos poucos tudo se aquieta

Respiração volta 

Devagar...

Foram embora

Abro a janela

Permito o sol entrar

Escrituras

Escreva em mim

Teus desejos

mais secretos

Teus sonhos 

mais profundos

Tua poesia

mais triste

Teu amor impossível

Existem saudades que não 

queremos que passe,

Pois trazem de volta 

um sentimento perdido.

É a certeza de que não 

viramos deserto

Desejo

Desejo

Um café amargo

Um dia nublado

Estar em teus braços 

Vendo o dia amanhecer

Desejo

Estar perto do fogo

De alma aquecida

Desnuda para a vida

Aguardando o anoitecer

E nesse intervalo de tempo

Entre o dia e a noite

Desejo o amor infinito

Que o universo possa nos trazer

Mulher

Mulher

É a coragem da vida

A delicadeza de uma pétala

É a fúria do vento

Mulher

É a fortaleza encarnada

A fragilidade disfarçada

É o sonho materializado

Mulher

É um ser múltiplo 

E singular 

Sensual com um simples olhar

Mulher

É um ser capaz

De vida gerar

E de transformar

Perdida no tempo
Solta no espaço

Aguardando a hora

De reencontrar minha alma

E renascer da escuridão

Sentir a alegria da vida 

Abraçando-a novamente

Com a força do meu amor

Equilíbrio

O equilíbrio consiste em 

se fazer silêncio 

quando a mente 

não pára de gritar...

Na imensidão da noite

Guio-me pelas estrelas

Para não me perder na tristeza.

O silêncio conduz

Às profundezas da alma

Dilacerando no caminho,

O corpo por onde ele passa.

Será que não existe

Caminhos sem espinhos?

Quero voltar a sonhar,

Voar por campos abertos

Sentir o sol aquecer o meu corpo

E o amor retornar

A abraçar minha alma

Autoexílio

Depois de passar uma vida 

sobrevivendo

Você acaba optando por 

Não sentir mais

Não conviver mais

Não viver mais

É quando passas a 

Apenas existir

Aguardando o fim

No seu autoexílio

Protegendo-se do mundo

Cartagena das Índias

Nos afastamos na 

imensidão do tempo 

Enviei cartas pelas nuvens

que nunca foram lidas

Pois se perderam 

na tempestade da vida

O amor nunca explicitado

hibernou num inverno gelado

Aguardando um dia, os ventos

quentes de Cartagena das Índias

Sonhos

Em busca dos sonhos

Desperto para o infinito

Almejando o impossível

Alcanço o inatingível

Voando alto

Toco as estrelas

Ao silenciar a mente

Ouço meus instintos

A intuição me guia

Para onde o coração sinaliza

E chego onde a vida

Aflora minha alma

Mãezinha

Seis anos se passaram

Nunca senti tanto quanto agora

Teu colo tão necessário

Que recusei por longo tempo

A vida nos ensina

Que nossas dores são relativas

E a saudade não a trará de volta

Mágoa é vida apagada no tempo

Peço perdão

Pelo pré julgamento

E condenação

Pensei somente nas minhas dores

Sem entender tua razão

Fizestes o melhor que pôde

Eu não tive essa visão

Espero que enfim

Tenha paz na alma 

e no coração

Seja aquela estrela brilhante

Nas minhas noites de escuridão

Mãezinha querida, 

Daria tudo para

Abraçar-te novamente,

Mas agora

Só és parte 

Da minha oração

Terra

       A poesia se foi. Desapareceu dentro de um abismo de escuridão. A vida virou uma narração desértica, escaldante.

         Não há flores, nem água, nem mesmo uma leve brisa pra amenizar a jornada que seria longa e exaustiva. Nada à sua volta, só o eco das suas tristes memórias em tempos floridos. Tempos em que colhiam o que ela tinha de melhor, entretanto não semeavam nada de volta.

       Os que interagiam com a Terra, acreditavam que ela era fonte infinita de amor, e eles a amavam por isso. 

         Foi assim que a Terra foi perdendo as cores, o brilho, a vida.

          E os que a amavam por tudo isso, foram embora, pois não tinham mais o que amar e o que colher.

    Quando uma Terra é devastada, ela se reconstrói sozinha, dificilmente haverá ajuda externa. Caso tenha, esse é o amor genuíno, e sempre se retroalimentará.

Despedida

Chegou a hora

Da despedida

Estás de partida

Entrando para vida

Estavas no colo

Sufocado de amor

Amor materno

Amor fraterno

Amor de família

Chegou a hora

Da despedida

Estás de partida

Precisa de espaço

Ruptura de laços

Rebeldia sem causa

Causando melancolia

Quem és nessa busca?

Quem se transformará 

nesse encontro?

Chegou a hora

Da despedida

Estás de partida

Escolha uma estrada

Foque no seu caminho

Escolha bem o que semeia

E onde semear

Desertos não frutificam

Mas alguns possuem oásis

Chegou a hora

Da despedida

Estás de partida

Solto tua mão

Segure a da VIDA!

Precipício

Cerca-se de pedras

Na imensidão gelada

Mas como se proteger do frio

Se ele está na minha alma?

Sentimentos sem significado

Significados sem sentido

Estou em estado de rio

Somente seguindo o fluxo

Deixando-me levar

Não sei como, nem para onde

Só sigo, batendo nas rochas,

Sem alcançar as margens

Sem curso definido

Apenas sigo

Aguardando o precipício

Ressurgirei em algum momento

Deste estado de latência

Internamente morta

Ou eternamente transformada

Dia 1

Ano novo

Novo ano

O que muda

Se vc não mudou?

Para que sonhar

Se não for para acordar

E realizar?

Novo ano

Ano novo

De alma velha

E empoeirada

Acomodado na poltrona

Esperando um milagre

Mal dizendo a vida

Sem possibilidades

Ano novo

Novo ano

Assim será

Se deixar o conforto

De apenas existir

Para finalmente

Se reconstruir
E se reinventar